Antagonismos entre a criação de Deus e o mundo manchado pelo pecado

Deus

Muitos questionam a Bondade de Deus diante dos males do mundo. Mas, pergunto: tais coisas fazem parte da Criação de Deus? É, de fato, Ele o “culpado” pelas desgraças?

A CRIAÇÃO

Observando o mundo criado, concluímos que tudo é BELO, possui um CICLO que SUSTENTA o que demais existe. Nos ecossistemas: um ser está INTERLIGADO com a sobrevivência do outro. NADA é “DESPERDIÇADO”.

Da grandeza das galáxias à organização dos átomos… Tudo resplandece a Perfeição de Deus! Nossos SENTIDOS físicos podem contemplar as Suas maravilhas, que originalmente seriam ACESSÍVEIS a TODOS:

– Visão: Nos diversos habitats do mundo, encontramos um verdadeiro Paraíso;

– Audição: A brisa que balança as árvores, o canto dos pássaros, o movimento das águas… São “sons que ressoam” a Presença de Deus (Cf. Sl 18) e nos restabelecem;

– Paladar: Diversos sabores encontrados nos alimentos que “brotam da terra”;

– Tato: presente no carinho de uns para com os outros, na relação com as outras criaturas… Banhar-se nas águas em dias de calor…

– Olfato: Grande variedade de perfumes das flores e frutos, “cheiro do mar”, da chuva…

Dentre tudo o que foi criado, o homem e a mulher ocupam o papel mais importante. No próprio nome que designa nossa espécie: “SER HUMANO”: um VERBO acompanha o nome daquilo que somos. E, “por coincidência”, o verbo é “SER”: que remete ao Nome de Deus: “EU SOU” (Cf. Êx 3,14)! Isto comprova que realmente fomos criados “à imagem e semelhança de Deus” (Cf. Gn 1,26).

A raça humana criada por Deus era “livre da tríplice concupiscência, que o sujeita aos prazeres dos sentidos, à ambição dos bens terrenos (…)” Tinha um domínio de si (Cf. CIC 377). “Todas as dimensões da vida do homem eram fortalecidas pela irradiação desta graça. Enquanto permanecesse na intimidade divina, o homem não devia nem morrer, nem sofrer. A harmonia interior da pessoa humana, a harmonia entre o homem e a mulher, enfim, a harmonia entre o primeiro casal e toda a criação, constituía o estado dito ‘de justiça original’” (Cf. CIC 376). Por isso, Deus confiou a esta raça o Bem tão precioso da Criação, como Herança! (Cf. CIC 299). Não para uma “dominação arbitrária e destruidora”, mas para participarem da “Providência Divina em relação às outras criaturas” (CIC 373).

Havia uma “condição” para o estado de “perfeição e divinização” do homem: PERMANECER em Deus! Por ser criatura, o homem depende do Criador. É isso o que exprime a proibição feita ao homem de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, ‘pois no dia em que o comeres, morrerás’ (Gn 2, 17). A ‘árvore de conhecer o bem e o mal’ (Gn 2, 17) evoca simbolicamente o limite intransponível que o homem, como criatura, deve livremente reconhecer e confiadamente respeitar. (…) Está sujeito às leis da criação e às normas morais que regulam o exercício da liberdade” (Cf. CIC 396).

A SEMENTE DO MAL

“‘Não foi Deus quem fez a morte, nem Ele se alegra por os vivos se perderem (…). A morte entrou no mundo pela inveja do Diabo’ (Sb 1, 13; 2, 24). Satanás ou Diabo e os outros demônios são anjos decaídos por terem livremente recusado servir a Deus e ao seu desígnio. A sua opção contra Deus é definitiva. E eles tentam associar o homem à sua revolta contra Deus.

‘Estabelecido por Deus num estado de santidade, o homem, seduzido pelo Maligno desde o princípio da história, abusou da sua liberdade, levantando-se contra Deus e pretendendo atingir o seu fim fora de Deus’. Como consequência do pecado original, a natureza humana ficou enfraquecida nas suas forças e sujeita à ignorância, ao sofrimento e ao domínio da morte, e inclinada para o pecado – inclinação que se chama «concupiscência”. (Cf. CIC 413-418).

OS ANTAGONISMOS

A partir de então, com seu “interior dividido”, o homem passa a ser “protagonista” de muitas desgraças, conduzido pelo egoísmo de se utilizar de tudo somente para seu PRÓPRIO bem. Rompendo com Deus, ROMPE também com os demais à sua volta.

Tudo o que de bom foi criado, que era para ser ACESSÍVEL a todos, passou a ser propriedade de alguns. Itens básicos à sobrevivência passaram a ser TAXADOS: alimento, água… Sem contar que a POLUIÇÃO tomou conta daquilo que antes era agradável a nossos sentidos, de uma tal proporção, que a VIDA passou a ser “INSUSTENTÁVEL”! Se houvesse a “COESÃO” entre os indivíduos, como observamos na natureza, nunca alguém diria que uma vida é “insustentável”. Aliás, isto é proposital: pois o inimigo de Deus (que no momento rege este mundo) detesta novas vidas e quer convencer a humanidade à esterilidade.

Esta “poluição” também tomou conta das relações pessoais e de tudo o que faz parte de nossa cultura: danças, músicas, comédias (que, cada vez mais, passam de “terapias” a “instrumentos da deprimência”). Para o inimigo de Deus, é “muito interessante” que o ser humano se entristeça com a vida, que “se refugie” nas drogas ou até mesmo no suicídio!

No começo deste texto, comentamos as “desgraças” que muitos atribuem a Deus. Veja o exemplo: construções irregulares são feitas em locais facilmente inundáveis. Quando vem a chuva, tão necessária para se nutrir a vida, acontecem tragédias nesses lugares… E o “culpado” é Deus? Ou é o ser humano, “administrador da Criação”?

MAS HÁ UMA PROMESSA!

Depois da queda, o homem não foi abandonado por Deus. Pelo contrário, Deus chamou-o e anunciou-lhe, de modo misterioso, que venceria o mal e se levantaria da queda. Esta passagem do Gênesis tem sido chamada ’Protoevangelho’, por ser o primeiro anúncio do Messias redentor, do combate entre a Serpente e a Mulher, e da vitória final dum descendente desta” (CIC 410).

Já fomos redimidos por Cristo. Só nos resta aguardar o Grande Dia, em que Ele voltará, para restituir o Seu Reinado. É por Misericórdia que Ele “tarda”: é a chance de buscarmos a conversão própria e a de quem mais pudermos contribuir!

Luiza Torres
Discípula da Comunidade Católica Pantokrator

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