“Não temas! Eu sou o Primeiro e o Último, e o que vive. Pois estive morto, e eis-me de novo vivo pelos séculos dos séculos; tenho as chaves da morte e da região dos mortos”. Ap 1, 17-18
Jesus é O Vivente e por isso a morte não O poderia conter. Na Páscoa, Ele inseriu toda a humanidade em Sua existência vivente, ou seja, Nele todos nós agora somos viventes e a morte não pode mais nos vencer.
Cristo venceu a morte, mas não a destruiu. Ela é uma realidade, mas agora débil e subjugada pela vida, porque agora a morte é passagem, é porta que se abre para a vida eterna.
A morte foi vencida e não destruída. Com isso, nossa liberdade é preservada, podemos escolher a vida ou a morte. Escolhe a vida aquele passa pela morte com as chaves do vivente, a chave da morte.
Portanto, a Páscoa, nesse tempo de nossa existência sobre a terra, não é a aniquilação da morte. Ao contrário, agora ela está a nosso serviço. Temos que passar por ela, mas como Cristo passou: com as chaves da Cruz, ou seja, do amor que transformou a morte em vida*. Nós, os mortais, até O Vivente abrir as portas da morte, tínhamos o fim na morte e no sofrimento. A porta era o fim, e nela acabava a existência. O mal tinha a última palavra na escuridão da morte e da angústia humana.
Mas agora, não! Agora temos as chaves! Ele nos deu a chaves dessa porta estreita da morte – cf. Mt 7,13 – e quem nela passar possui a vida eterna.
Portanto, irmãos, viver a Páscoa é acolher as portas da morte em nossas vidas abrindo-as com amor e obediência, fazendo delas um espaço que se abre à vida eterna. Não temas!
*O amor se expressa na caridade aos irmãos e na obediência a Deus, que por sua vez, respectivamente, se realiza no serviço generoso ao próximo, na partilha com o irmão e no perdão aos inimigos; e no louvor a Deus.
André Luis Botelho de Andrade
Fundador da Comunidade Católica Pantokrator