A escravidão do provisório e a esperança do definitivo

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Há alguns dias, em uma conversa bem informal, fui despertado para dois entendimentos, primeiro: os seres humanos anseiam as coisas eternas, definitivas; segundo: em nossa sociedade, somos escravos das coisas provisórias. Os porquês explicarei adiante.esperanca-infinito
A conversa foi a seguinte. Estava sentado próximo a alguns jovens esperando um atendimento, de repente começa uma conversa sobre relacionamentos. Depois de me identificar como seminarista, disse-me um dos jovens: “Eu tenho um filho que não mora comigo, mora com minha ex-mulher, vou visitá-lo algumas vezes por mês, é muito bom, brinco com ele, mas tenho vontade de estar mais perto para vê-lo crescer.”
Nesta conversa tinha uma jovem de mais ou menos 20 anos, que disse que já era casada. “E você tem filhos?”, perguntei. Ela respondeu com firmeza: “Não, nem quero! Vida de mãe solteira é muito difícil.” Tentei entender: “Mas você já pensa em se separar? Você não gostaria de construir uma família?”. E olhando para o chão, um pouco sem graça, ela me disse: “Não, mas não sei como vai ser amanhã. Se eu não o quiser mais ou ele parar de gostar de mim?”. “É mesmo, mulher”, confirmou outra jovem, com ar de experiente no assunto. Tentei conversar um pouco mais, mas não tivemos mais tempo.
Desejo do eterno, um traço da criação
Ansiamos pelas coisas duradouras. No mais íntimo de nós, queremos todos construir uma vida pautada em decisões definitivas. É sonho, desde criança, projetos de vida duradouros, uma família, filhos e netos chegando na nossa casa, mas esse tipo de sonho é cada vez menos real. Aqui não importa se é homem ou mulher, quando se fala de família, queremos a mesma coisa, um relacionamento verdadeiro e estável, uma família, um esposo ou uma esposa para a vida toda. Temos medo, porém, de fazer a escolha, tudo nos é oferecido no instante, “que seja eterno enquanto dure”, “carpe diem”, aproveite… Tornamo-nos infantis, não medimos as decisões tomadas agora, pois elas valem só para agora. “Estou satisfeito”, quanto mais “sem compromisso” mais adesão teremos, afinal, se não der certo, não deu. É uma espécie de escravidão.
O desejo pelas coisas “eternas”, poderíamos assim dizer, é marca que o Criador deixou de Si em nós. É por isto que todos desejam algo que dure para sempre porém, as decisões por aquilo que é duradouro são exigentes e, por isso, poucos são capazes de fazê-las.
A Castidade constrói a eternidade
A castidade é certamente a construção da eternidade. Imagina-se a castidade como um peso para aquele que nela se aventura, mas ao contrário do que se pensa, aquele que a vive experimenta do gozo de uma decisão eterna e no coração se constrói a felicidade através de relacionamentos duradouros e da esperança de relacionamentos eterno.
Certamente, aquele que não a vive sofre muito mais, pois tudo faria para estender um pouco mais qualquer momento de prazer, mas não o pode! Daria tudo para garantir um relacionamento para sempre, mas a esperança de algo eterno já foi fatalmente assassinada por tantas experiências efêmeras.
A fé nos abre a possibilidade da eternidade
Pela graça da fé, podemos vencer a “utopia” de uma felicidade que é posta em cheque por causa de tantos exemplos opostos. Olhar para a realidade pura, se não vista à luz da fé, é realmente desanimador.
A Fé nos abre a perspectiva de alcançar metas acima de nossa simples e frágil condição humana e nos põe dentro de uma nova esfera: a da graça de Deus. Só através da graça de Deus, que nos é dada pela fé e que fortalece a fé ao mesmo tempo, poderemos fazer as escolhas que valem para sempre. Confiamos agora, não somente no nosso esforço, mas em Deus que é eterno e nos criou para isto.
Um novo leque de possiblidades
A minha conclusão é: a fé nos abre um leque de possibilidades. O que antes se resumia a caminhos de uma visão materialista que calculam que aqui termina o que aqui se começa, agora se abrem para infinitas possibilidades.
O leque se abre e percebo que posso pautar a minha vida não somente naquilo que vejo, mas agora à luz da fé, posso construir minha vida naquilo que sempre desejei. Posso construir relacionamentos, aperfeiçoar habilidades profissionais, e até investir em meus bens com visão ampla da eternidade.
Ao leitor, finalizo dizendo: Coragem! Não tenha medo de abrir mão dos apelos deste mundo fugaz. Esperança! Já se pode construir aqui aquilo que dura. Fé! O Senhor está à frente de nós!
Fonte: Comunidade Shalom
Franco Galdino
*Seminarista da Comunidade Católica Shalom

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