Logo após rezar o Angelus este domingo (04/02) na Praça São Pedro, o Papa Francisco recordou o “heroico sacrifício” do jovem Teresio Olivelli, morto em um campo de concentração nazista e beatificado no sábado 03/02, na cidade italiana de Vigevano.
“Ontem, em Vigevano, foi proclamado beato o jovem Teresio Olivelli, morto por sua fé cristã em 1945, no campo de concentração de Hersbruck. Ele deu testemunho a Cristo no amor pelos mais fracos e se une à longa lista dos mártires do século passado. Que o seu heroico sacrifício seja semente de esperança e de fraternidade sobretudo para os jovens”.
Teresio foi beatificado no sábado pelo Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, cardeal Angelo Amato, representando o Santo Padre. O purpurado recordou em sua homilia, que “ainda hoje existem no mundo 215 milhões de cristãos que sofrem perseguições e morte”.
Teresio Olivelli
Jesus chamava os apóstolos Tiago e João de “filhos do trovão” pelo caráter forte que tinham, modelos perfeitos para Teresio Olivelli, que seguidamente brincava com o fato de ter sido batizado na Paróquia de São Tiago e por isto, também ele era uma espécie de “filho do trovão”.
E de fato o era, em tudo o que fazia: no trabalho como assistente em jurisprudência na Universidade de Turim, no serviço que realizava em Cottolengo, até na decisão de se alistar, porque não suportava que o sacrifício extremo da vida fosse reservado somente aos mais pobres. Um testemunho cristão constante que o levará ao martírio, como recordou o cardeal Angelo Amato:
“Falar de Teresio Olivelli é falar de um jovem entusiasta pela própria fé e amante da própria pátria. Se a Itália conferiu a ele a medalhe de ouro por mérito na guerra, a Igreja o reconheceu mártir heroico no exercício das virtudes da fé, da esperança e da caridade”.
Aderiu ao fascismo até perceber que a ideologia não poderia construir a sociedade em coerência com o Evangelho que sonhava, sem guerra e sem mortos.
“Quem quer me seguir, tome a sua cruz e me siga”, palavras de Jesus que ecoaram no jovem que entrou para a resistência, “sem ser da resistência”.
Foi então para a guerra, sim, mas com o coração de paz que o levava não para onde havia o sucesso, mas onde havia o fracasso e a derrota.
Suas armas
As suas armas, mesmo no conflito, foram sempre o amor ao próximo e o sacrifício de si. Por isto estava sempre pronto para socorrer seus companheiros e difundir sempre os valores da misericórdia, do perdão, da liberdade e da justiça, firmemente ancorados em uma fé solidificada:
“A fé de nosso Beato era alimentada pela oração e pela Eucaristia. Durante a guerra no front russo ou na prisão nos campos de concentração, chamava a atenção a ingenuidade de sua fé, simples, convicta, manifestada com as palavras e sobretudo com as obras. Na dolorosa retirada, sustentava, consolava, confortava. Rezava e fazia rezar. Na dolorosa retirada da Rússia, os soldados encontravam acolhida e consolação religiosa em Teresio. Amava Deus, amava a igreja, amava o Papa, amava os outros com aquela caridade evangélica ensinada a nós por Jesus: amar o próximo como a si mesmo. A caridade era o tecido de sua vida”.
Sempre rebelde, mas por amor, enquanto tudo ao seu redor era ódio e violência. Rebelde como todo bom cristão que leva em frente aquela revolução moral no mundo que às vezes leva até o martírio.
“Na tortura comprima os nossos lábios – despedaça-nos, não nos deixe dobrar – se cairmos, faz que o nosso sangue se una ao teu inocente e àquele de nossos mortos, para fazer crescer no mundo a justiça e a caridade”.
Assim escrevia na oração “Liberta-nos” e assim percorria o seu caminho rumo ao martírio, que se cumpriu no campo de extermínio nazista de Hersbruck em 1945.
Não conseguiu ver o fim da II Guerra Mundial que iluminou com a sua luz de santidade; uma santidade que não é reservada somente aos consagrados, porque a salvação é de todos, como conclui o cardeal Angelo Amato:
“Nem todos os Santos são sacerdotes ou religiosos. O batismo é a porta que nos introduz na vida de Deus, caridade e misericórdia sem limites. O Beato Teresio Olivelli fez de seu batismo uma fonte de energia divina feita de caridade, de bondade, de dinamismo apostólico, de testemunho heroico do Evangelho”.
Via Vatican News