Ser missionário é fazer a viagem do “eu” para o outro.
Essa é a viagem mais importante a ser feita na vida, e também às vezes a mais difícil: sair de si mesmo e ir ao encontro do outro. É como desabitar seu próprio coração. O missionário deve a cada dia despovoar seu coração dos seus desejos, de suas realizações pessoais e deixar com que o próprio amor seja o habitante exclusivo do seu coração. Ainda que em sua luta diária em busca da santidade o missionário tropece em muitas pedras, o desejo de amar deve lhe manter firme em sua caminhada. O desejo de amar é sempre o que move o missionário, o desejo de cada passo despovoar-se de seus desejos, e de alguma forma “desabitar-se”, para sempre estar a serviço do outro.
Recordo-me uma vez quando precisei fazer uma viajem e, devido a um imprevisto, liguei para minha mãe e pedi que ela preparasse minha mala, pois não teria tempo. Durante a viagem preocupei-me: será que na mala havia tudo de que precisaria, uma vez que eu não havia dito a ela o que era para colocar? Para minha surpresa, na mala tinha coisas que eu não pensaria em levar, mas que me foram muito úteis e necessárias para aquela viagem.
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Nossa vida deveria ser assim: deveríamos estar abertos à vontade de Deus, deveríamos confiar inteiramente na escolha Dele para nossa vida.
O que existe na mala não importa; importa a viagem do “eu” para o outro, do egoísmo para o amor; o que está na mala? O que me será necessário para a viagem.
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Que o nosso coração esteja disposto a fazer essa “viagem” diária, acreditando que em cada viagem há um novo que Deus deseja realizar. Nunca devemos nos fechar naquilo que sabemos. Nunca devemos pensar que não há novas terras, novas montanhas e novos horizontes para conquistar.
Abandonemo-nos com confiança na rota da viagem e na mala preparada pelo Senhor.
A rota da viagem quem dá é Ele; os caminhos é Ele que escolhe. Deus conhece profundamente o coração do homem, sabe aquilo que seria necessário ou não para ele.
Devemos nos lançar com confiança em Suas escolhas quando partimos sem nada: “Não leveis bolsa nem mochila, nem calçado”… Lc 10,4. Ou ainda com a mala cheia: “Tomou Sarai, sua mulher, e Lot, filho de seu irmão, assim como todos os bens que possuíam e os escravos que tinham adquirido em Harã”… Gn 12,5
Não tenha medo de iniciar essa viagem! A mala? O Senhor providenciará.
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Marciléia Hinckel
Consagrada na Comunidade Pantokrator