A Radicalidade do Evangelho

Se você chegou até este texto provavelmente está querendo entender o que de fato significa viver a radicalidade do Evangelho. Compreender a palavra, buscar o real contexto do termo e saber como aplicá-lo, para que nosso conhecimento não seja apenas uma imensa teoria, são partes fundamentais do processo para uma vida real, sem neuroses ou meias medidas.

Evangelho

A palavra Evangelho vem do grego “euanggelion” (eu = bom, angelion = mensagem) que quer dizer: Boa Nova, Boa Notícia. Os evangelhos, para nós, cristãos, são os ensinamentos deixados por Cristo. Diante da condição inerente de pecado do ser humano, Deus anunciou ao longo da história que Ele enviaria o Seu Ungido (Khristós) para salvar o Seu povo dos seus pecados. É essa história do plano da salvação que a Bíblia chama de: “evangelho”.

Através dos ensinamentos deixados por Cristo, podemos encontrar o princípio do plano de Deus para a humanidade, o caminho seguro indicado para alcançarmos a dignidade do chamado de pessoa humana. Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, toma sobre Si o peso dos nossos pecados e nos ensina com o plano da salvação que podemos retomar nossa dignidade de filhos de Deus através da graça santificante, imitando Seus passos, manifestando no mundo a beleza da criação humana realizada pelo Pai.

radicalidade

Radicalidade

Para prosseguir com nosso raciocínio, precisamos compreender o que significa a palavra radicalidade. Radicalidade tem como origem a palavra “Radiz” (Raiz = “base, fundamento”), logo, radicalidade (radical) = origem, fundamento de algo.

Viver a radicalidade do Evangelho requer que nos debrucemos sobre a vida de Cristo com o desejo de observar, compreender como Ele viveu. Podemos assumir em cada passo dado a responsabilidade de nos comprometer seriamente com Cristo e nos determinar a viver como Ele viveu: trabalhando, se relacionando com os outros, despojando de Si mesmo, amando, orando, indo a comemorações, comendo. Cristo nos ensina com Sua vida a sermos verdadeiramente humanos, vivendo cada dia Seu trabalho e confiando plenamente no Pai.

A radicalidade do Evangelho não busca o sofrimento, mas sim a maturidade humana para imitarmos a Cristo com a finalidade de amá-Lo como nos amou. Para sermos elevados a tal estatura, é necessário saber amar os outros como Ele ama e isto para nós, marcados pelo pecado, pela concupiscência, implica em sofrimento. Entretanto este sofrimento é a purificação para assumirmos com totalidade o plano de Deus para nós, que consiste na união eterna com Ele e, consequentemente, sendo participantes de Sua vida Bem Aventurada.

“Se guardardes os meus mandamentos, sereis constantes no meu amor, como também eu guardei os mandamentos de meu Pai e persisto no seu amor”. (Jo 15, 10)

Imagem e Semelhança de Deus

Somos imagem e semelhança de Deus, ou seja, portamos em nossa origem o anseio por amar. A Trindade, em Seu contínuo movimento de amor, pensou no ser humano para ser participante desta vida plena, feliz, ou seja, nossa felicidade está em amar como fomos amados por Deus no momento da nossa criação, pois é isto que a Trindade faz: Ama! O amor Trinitário é tão inteiro e perfeito que sendo 3 pessoas tornam-se apenas 1. E exatamente por isto somos impelidos a amar outro alguém, pois a nossa criação foi dada a partir deste amor e é esta semelhança que Deus nos concedeu.

Se temos como raiz este amor, é esta a marca indelével que portamos: nosso chamado por Deus. Contudo, a marca do pecado original tenta sucumbir a força do amor com o qual fomos amados, tentando incutir a ideia de que “precisamos de mais”, afinal, foi isto que a serpente fez: convenceu que Deus não havia dado “tudo” de Si, que escondia algo.

Amar

Cristo, ao ser elevado na Cruz, reapresenta a realidade sobrenatural de nossa criação, escancarando à nossa consciência a verdade de que é preciso morrer para nós mesmos, entregando-nos inteiramente para nosso próximo. Por isto, o segredo da nossa felicidade está em amar e não em ser amado. Fomos criados assim, neste movimento de amor constante onde quanto mais nos derramamos em amor, mais somos amados. Cristo é sinal da nossa Salvação, pois crava em nossos corações esta verdade do amor, nos curando de nossos egoísmos e capacitando-nos a amar de uma forma nova.

Aplicar em nossa vida esta configuração à Cristo, implica em viver a radicalidade do Evangelho, para que possamos alcançar neste mundo o grau máximo de felicidade que nos é possível, anunciando com a própria vida a esperança da felicidade Eterna. Deus não quer nosso sofrimento, porém na nossa realidade ele é inevitável. Mas entenda que Deus quer que sejamos inteiramente felizes!

Atos de fé

Colocar em prática esses ensinamentos e realizar contínuos atos de fé, repetindo constantemente em nossas mentes que cremos que somos completamente amados e por isto somos capazes de amar, reascende em nossa alma a certeza deste amor, e Deus, vendo nosso esforço, Se abaixa e nos eleva com Sua graça. Então, quando percebemos o amor se derramando, torna-se impossível não desejar corresponder a este chamado e ousamos amá-lO de volta.

Que Deus nos conceda toda graça necessária, para que em posse da graça santificante, possamos dia a dia viver a radicalidade do Evangelho nos passos de Cristo.

Deus nos abençoe.

Larissa Machado
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator

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