Oração – diálogo íntimo com o Amado

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A oração é um relacionamento de amizade com Aquele que temos a certeza de que nos ama

A oração é diálogo com Deus, é ato de intimidade com o Amigo da nossa alma. E Deus é Amor, por isso a oração é deixar-se ser amado por Aquele que é o próprio amor, ter amizade com quem nos ama de verdade.

A nossa vida na terra é caminhar rumo ao céu, mas caminhar com um Amigo que conhece o caminho garante que nossos passos sejam mais seguros rumo à meta. E o que mais queremos além de um bom amigo ao nosso lado, com quem podemos dialogar e que não nos deixa passar sozinhos por sofrimentos e tribulações, ao contrário dos do mundo?

A oração, portanto, é desejar o encontro definitivo com o Amigo Amado, oportunidade de falar, mas também de escutar. Por isso é preciso fazer silêncio e dedicar atenção diária ao relacionamento de amizade, dedicar tempo para ter intimidade com o Amigo e ser fiel a Ele.

Na amizade com o Amado, não devemos nos preocupar tanto em falar ou pensar, mas em amar muito! Vamos a Deus, nosso Amigo, mais com o coração, com o amor através da fé, pois o amor não quer explicações, simplesmente ama. Desse modo, a oração é um íntimo relacionamento de amizade, um entreter-se a sós com Aquele de quem temos a certeza de que nos ama. E, como resposta, o coração amado por Deus é levado a entregar tudo de si, incondicionalmente, com humildade, em oferta de si à Igreja e aos irmãos.

Santa Teresa d´Ávila, grande santa e doutora da Igreja, ensina-nos que o Senhor gosta da nossa presença silenciosa. Retirar-nos no silêncio, afastar-nos de tudo o que pode nos distrair ou atrapalhar, desligar-nos do celular, da televisão, das notícias, do mundo para que nada invada a nossa casa interior, essa é a atitude, o caminho pedagógico para entrar pela porta da oração que nos introduz no castelo interior da alma e nos leva à nossa verdade, onde estamos a sós com Aquele que é. Concentrar-se na oração significa dirigir os sentidos externos e internos a Deus, na Santíssima Trindade, reconverter os nossos sentidos (a visão, a audição, o tato,…) em uma ascese cristã para irmos além das aparências e das coisas, pois se nos acostumamos ao silêncio com amor e sabemos dizer não com humildade ao que pode prejudicar a nossa verdade, vamos percebendo a necessidade de nos disciplinar no exercício das virtudes com determinação para que o homem velho possa morrer e o novo possa nascer à luz de Cristo.

O diálogo da oração

Segundo ensina Santa Teresa, uma atitude vital é a orientação da vida a um fim último: a amizade e adesão à pessoa de Cristo, no diálogo da oração e recolhimento interior. O orante deve acostumar-se a essa presença interior de Cristo e ir se desapegando das coisas do mundo. Colocar-se na presença de Deus, arrepender-se dos próprios pecados, confessar-se, pedir a Deus a luz do Espírito Santo em um diálogo íntimo para amar e deixar ser amado por Deus e agradecer pelas graças recebidas, pelas maravilhas operadas em si e nos outros. Enfim, encontrar o Amigo dentro de si, no centro da alma.

dialogo
 

Não é tão fácil disciplinar os sentidos interiores – a vontade, a inteligência e a imaginação. Aliás, Santa Teresa mesmo chama a imaginação de “louca da casa” que, como tal, tem a força de levar-nos longe do que é essencial para estar a sós com o Senhor. Entretanto, nem a imaginação deve nos perturbar e nem devemos deixar a oração, que é o que deseja o demônio. O caminho é reconverter os sentidos para não nos distrairmos no diálogo da oração e em tudo o que fazemos.

Ao longo dos seus anos de aridez e dificuldades na oração, Santa Teresa encontrou ajuda no uso do livro como amigo e apoio nos seus momentos de solidão e sofrimento interior onde o seu coração estava árido e nenhum bom pensamento nascia ali. A experiência Teresiana nos aconselha que é muito útil usar um bom livro para se alimentar e recolher o pensamento e vir a rezar bem vocalmente. Ela já havia superado o desejo de ler livros de cavalaria e buscava livros que lhe falassem do conhecimento de Jesus Cristo, mas entre tantos livros, o Evangelho permaneceu o seu livro por excelência. Este conselho é válido também hoje, pois a Palavra de Deus, a Bíblia, é o livro fundamental do nosso encontro com Deus, a fonte da nossa oração e deve se tornar o nosso alimento diário.

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Deus é o Amigo e Senhor da nossa vida. A Ele devemos amar intimamente e dedicar nosso tempo para sermos capazes de aceitar tudo, as doenças, as cruzes, e nos oferecer com docilidade e louvor, pois quem ama se compromete com fidelidade. Mesmo conscientes das nossas fraquezas, misérias e limitações, podemos suplicar no diálogo da oração a força e a coragem ao Espírito Santo para darmos testemunho da Verdade e anunciarmos o Reino de Deus.

Por fim, devemos viver todas as coisas conscientes de que o Amado Amigo está realmente presente em todos os momentos, junto de nós, pois agindo assim, muito ganhará a alma que deseja ver Deus e tem o temor de perdê-Lo. Andar sempre em atenta vigilância, pois há muitos inimigos e não desejar ser liberto das perseguições e lutas, mas viver em  paz, com amor e temor, pois o amor nos faz apressar os passos e o temor nos faz ir olhando onde colocamos os pés para não cair. Em outras palavras, viver a oração em um relacionamento de amizade com Deus é ter a certeza de que Ele nos ama e está sempre junto de nós, em um íntimo diálogo de amor.

Gabriela da Silva
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator

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